Alvo da 33ª fase da Operação Lava Jato, batizada Resta Um, a Queiroz Galvão
utilizou doações eleitorais oficiais e simulações de contrato para
realizar o pagamento de propina a agentes públicos, segundo a Polícia
Federal. Os repasses de dinheiro sujo se aproximam dos 10 milhões de
reais. De acordo com o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, a
empreiteira representa “todos os pecados, todas as espécies de crime
investigados na Lava Jato”.
Saiba mais:
A força-tarefa da Lava Jato
rastreou pagamentos de 7,5 milhões de reais da Queiroz Galvão para
campanhas eleitorais – incluindo 2,4 milhões de reais para a campanha à
reeleição do ex-presidente Lula, em 2006. Também foram rastreadas
movimentações bancárias de aproximadamente 800.000 dólares, de acordo
com os investigadores.
As movimentações e um vídeo que mostra o
então presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), negociando para frear a
CPI da Petrobras, no Senado, em 2009, motivaram a deflagração da
operação hoje. “A gravação é bastante reveladora, pois os investigados
negavam que havia ocorrido uma reunião e o vídeo mostra de forma clara a
atuação deles para obstruir as investigações”, disse a delegada Renata
da Silva Rodrigues. Para ela, essas foram provas substanciais que
justificam os 32 mandados judiciais expedidos. “Esse é o tipo de conduta
que poderia trazer prejuízo ao bom andamento da investigação”, disse a
delegada. Foram presos preventivamente os executivos Ildelfonso
Collares, ex-presidente da construtora, e Othon Zanoide Filho, que foi
desligado da empresa. Marcos Pereira Reis, ligado ao consórcio Quip, é
alvo de um mandado de prisão temporária, mas está no exterior.
No pedido de prisão preventiva dos
executivos, o juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da
Lava Jato em Curitiba (PR), também citou como risco de obstrução de
Justiça o fato de o diretor financeiro da Queiroz Galvão, Augusto Amorim
Costa, subordinado a Ildefonso e Othon, ter deixado o Brasil em
novembro de 2014, três dias depois que Ildefonso e Othon deixaram a
prisão – eles já haviam sido detidos na sétima fase da Operação Lava
Jato. Desde então, Costa mora fora do Brasil. “[Esse] é mais um
indicativo de risco à investigação e à instrução, soando o ato como
dissipação de provas”, disse o magistrado no pedido de prisão preventiva
dos executivos.
O nome da operação é uma alusão à última
grande empreiteira que faltava na investigação de cartel, corrupção e
lavagem de dinheiro, segundo o delegado Igor Romário de Paula. “De forma
alguma se refere ao encerramento da Lava Jato”, completou, referindo-se
às suspeitas de que a investigação iria até 34ª etapa.
Fonte: Veja
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