sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Está se cumprindo as escrituras Igrejas cristãs registram conversões em massa de ex-muçulmanos na Alemanha.

Imagem: DivulgaçãoMilhares de refugiados muçulmanos estão se convertendo ao cristianismo nos últimos meses, segundo matéria do ‘O Globo’. Embora em alguns dos seus países de origem a conversão seja vista como um crime punido com a pena de morte, as igrejas alemãs, protestantes e católicas, voltaram a celebrar missas e cultos com bancos lotados. Em algumas, como na da Trindade, no bairro berlinense de Steglitz, cerca de 80% dos fiéis são ex-muçulmanos.
Para o pastor Gottfried Martens, que já batizou 1.200 convertidos, os refugiados desejam romper definitivamente com o passado e aumentar suas chances de integração na sociedade alemã. Mas Daniel Ottenberg, da ONG Open Doors, encontra outra explicação. Com o debate sobre o terrorismo islâmico, muitos muçulmanos começaram a sentir um alto grau de insegurança em relação à própria religião.
“Eles cresceram na crença de pertencer à melhor religião do mundo, mas começaram a questionar isso depois que, em nome da religião, foram cometidos tantos atos de violência”, sustenta Ottenberg.
Mesmo em alguns países que passaram pela Primavera Árabe, como o Egito, a conversão ao cristianismo é vista como um crime na sociedade muçulmana, parentes dos convertidos muitas vezes são mortos em represálias. Um estudo da Open Doors revela que muitos convertidos desistem do batismo na última hora com medo de pôr em risco os parentes que ficaram em seus países de origem.
Testemunhos
Praticamente todos os participantes do culto de domingo (31/07) na Igreja da Trindade já passaram pelo trauma da perseguição religiosa, mas a maioria vê a nova religião como a perspectiva de uma vida melhor.
Na opinião do afegão Ali Mirzace, o fundamentalismo, as guerras religiosas e a brutalidade do Estado Islâmic,o ou dos talibãs dividem os jovens muçulmanos. Enquanto uns adotam a doutrina do Islã político, outros desenvolvem uma aversão contra a própria identidade cultural, da qual se julgam vítimas.
“Tudo continua difícil, mas acreditar em Jesus nos ajuda a enfrentar as adversidades”,  testemunha Ali.
O curdo sírio Sava Soheili, de 27 anos, está desde o ano passado em Berlim. Desde o início do ano, é luterano e afirma que os convertidos são, na opinião dos fundamentalistas islâmicos, “verdadeiros criminosos que merecem a pena de morte”.
“Nós somos considerados kuffars, palavra que para os muçulmanos fundamentalistas significa um descrente que cometeu um grave crime religioso. Os kuffars são vistos como criminosos religiosos que merecem a pena de morte”, explica.
Segundo o pastor Gottfried Martens, a igreja e o Estado tentam proteger os refugiados cristãos, mas é difícil uma solução porque trata-se de um problema bastante complexo.
“Uma possível solução seria criar abrigos para refugiados cristãos, mas a separação dos convertidos ofereceria um outro risco”, disse.
A prefeitura de Berlim também recusou a criação de abrigos para convertidos alegando que, separados, esses refugiados ostentariam abertamente a sua condição como um estigma e assim poderiam tornar-se um alvo fácil de terroristas.
Dependendo do lugar onde moram, os refugiados interessados no cristianismo optam pela igreja luterana — em Berlim, a religião da maioria — ou pelo catolicismo — dominante na região da Renânia, como na cidade de Colônia, que tem a famosa catedral.
Mas as pessoas nessas igrejas, pastores, padres e fiéis, convivem com o medo. A proteção é discreta. Na entrada da Igreja da Trindade, três homens cuidam da segurança. Com a desculpa de distribuir os manuais de orações e cantos, eles avaliam todos os que chegam. Durante toda a missa, ficam atentos para qualquer eventualidade com o número da emergência da polícia gravado nos celulares.

Fonte: O Globo

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