Milhares
de refugiados muçulmanos estão se convertendo ao cristianismo nos
últimos meses, segundo matéria do ‘O Globo’. Embora em alguns dos seus
países de origem a conversão seja vista como um crime punido com a pena
de morte, as igrejas alemãs, protestantes e católicas, voltaram a
celebrar missas e cultos com bancos lotados. Em algumas, como na da
Trindade, no bairro berlinense de Steglitz, cerca de 80% dos fiéis são
ex-muçulmanos.
“Eles cresceram na crença de pertencer à
melhor religião do mundo, mas começaram a questionar isso depois que,
em nome da religião, foram cometidos tantos atos de violência”, sustenta
Ottenberg.
Mesmo em alguns países que passaram pela
Primavera Árabe, como o Egito, a conversão ao cristianismo é vista como
um crime na sociedade muçulmana, parentes dos convertidos muitas vezes
são mortos em represálias. Um estudo da Open Doors revela que muitos
convertidos desistem do batismo na última hora com medo de pôr em risco
os parentes que ficaram em seus países de origem.
Testemunhos
Praticamente todos os participantes do
culto de domingo (31/07) na Igreja da Trindade já passaram pelo trauma
da perseguição religiosa, mas a maioria vê a nova religião como a
perspectiva de uma vida melhor.
Na opinião do afegão Ali Mirzace, o
fundamentalismo, as guerras religiosas e a brutalidade do Estado
Islâmic,o ou dos talibãs dividem os jovens muçulmanos. Enquanto uns
adotam a doutrina do Islã político, outros desenvolvem uma aversão
contra a própria identidade cultural, da qual se julgam vítimas.
“Tudo continua difícil, mas acreditar em Jesus nos ajuda a enfrentar as adversidades”, testemunha Ali.
O curdo sírio Sava Soheili, de 27 anos,
está desde o ano passado em Berlim. Desde o início do ano, é luterano e
afirma que os convertidos são, na opinião dos fundamentalistas
islâmicos, “verdadeiros criminosos que merecem a pena de morte”.
“Nós somos considerados kuffars, palavra
que para os muçulmanos fundamentalistas significa um descrente que
cometeu um grave crime religioso. Os kuffars são vistos como criminosos
religiosos que merecem a pena de morte”, explica.
Segundo o pastor Gottfried Martens, a
igreja e o Estado tentam proteger os refugiados cristãos, mas é difícil
uma solução porque trata-se de um problema bastante complexo.
“Uma possível solução seria criar
abrigos para refugiados cristãos, mas a separação dos convertidos
ofereceria um outro risco”, disse.
A prefeitura de Berlim também recusou a
criação de abrigos para convertidos alegando que, separados, esses
refugiados ostentariam abertamente a sua condição como um estigma e
assim poderiam tornar-se um alvo fácil de terroristas.
Dependendo do lugar onde moram, os
refugiados interessados no cristianismo optam pela igreja luterana — em
Berlim, a religião da maioria — ou pelo catolicismo — dominante na
região da Renânia, como na cidade de Colônia, que tem a famosa catedral.
Mas as pessoas nessas igrejas, pastores,
padres e fiéis, convivem com o medo. A proteção é discreta. Na entrada
da Igreja da Trindade, três homens cuidam da segurança. Com a desculpa
de distribuir os manuais de orações e cantos, eles avaliam todos os que
chegam. Durante toda a missa, ficam atentos para qualquer eventualidade
com o número da emergência da polícia gravado nos celulares.
Fonte: O Globo
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