Há quatro anos, a promotora cultural Erica Nunes decidiu se dedicar para valorizar uma profissão que, para muitas pessoas, estava fadada ao esquecimento: a de barbeiros. Envolvida em projetos sociais e trabalhando com muitos praticantes de “passinho” nas comunidades cariocas, ela
percebeu que a profissão era um sucesso e uma forma de expressão e de profissionalização para muitos moradores da periferia, que apostavam bastante na forma mais artística de cortes masculinos. Acreditando que não há mais tabus para a vaidade dos homens e como já existia a “Batalha do passinho”, ela decidiu criar a “Batalha dos barbeiros”, para escolher os profissionais mais habilidosos do mercado.
“A ideia surgiu porque eu dava uma festa emCampo Grande chamada ‘Baile do Telhadinho’. Lá eu conheci uns rapazes do passinho que viviam pedindo para eu abrir um salão de barbeiro para eles. Só que eu me surpreendi e vi o talento que eles tinham”, contou Erica.
A Mangueira, o Jacarezinho e o Metrô do Rio já receberam versões do evento. Pela primeira vez, o evento ganha uma versão nacional, com etapas em quatro capitais – Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Belo Horizonte – e com uma grande final na capital fluminense. O evento conta ainda com o apoio da Apiberj, Associação dos Profissionais em Institutos de Beleza do Estado do Rio de Janeiro, dando uma maior ênfase na importância da profissionalização dos jovens.
Os 24 barbeiros que participam da final deste ano da “Batalha dos barbeiros” são divididos em três categorias, com oito concorrentes cada: Desenho, onde executam em 50 minutos um corte com tema divulgado de surpresa pela produção; Tradicional, onde os barbeiros, em 20 minutos executam cortes clássicos e com temática livre; Barba express, onde os concorrentes têm um minuto para executar cortes e desenhos de barbas.
Escola profissionalizante
A ideia de transformar jovens de comunidades em barbeiros também mudou a vida da própria Erica. Dedicada a fazer com que eles ganhassem uma ocupação, ela transformou a própria casa onde vive com o marido, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, em um centro de profissionalização da beleza masculina, a República dos Barbeiros.
A ideia de transformar jovens de comunidades em barbeiros também mudou a vida da própria Erica. Dedicada a fazer com que eles ganhassem uma ocupação, ela transformou a própria casa onde vive com o marido, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, em um centro de profissionalização da beleza masculina, a República dos Barbeiros.
“Os jovens só sabiam cortar cabelos por eles mesmos, autodidatas, sem profissionalismo. Então, resolvi fazer um curso de cabeleireira, me formei e, por meio da Apiberj, eu criei um salão em casa. Lá a gente profissionaliza os que já trabalhavam sem diploma e ensina valores como ética profissional e limpeza. A gente também recupera traficantes e usuários de drogas, oferecendo uma oportunidade para terem uma profissão”, explicou Erica.
A escola cobra R$ 300 por curso, que oferece um diploma com certificação do MEC. Mas oferece muitas gratuidades.
“A cada turma de sete alunos, três deles fazem o curso de graça. Eu realizo um trabalho social, mas que também é pago. Só que ele não custa o que as pessoas costumam cobrar no mercado. Não temos ajuda dos governantes, mas conseguimos sobreviver. Hoje eu me considero uma empreendedora de sucesso”, contou Erica.
O objetivo da escola de barbeiros é oferecer uma oportunidade para que cada um dos alunos possa construir a própria vida, seja como autônomo ou como funcionário de uma barbearia. Isso porque a própria criadora já precisou de uma chance como esta. Nascida no Complexo da Maré, foi menina de rua e sobreviveu à Chacina da Candelária. Aos 16 anos, ela se tornou estagiária no projeto “Jovens pela Paz”. Atualmente trabalha na Secretaria Estadual de Meio Ambiente.
A principal intenção é promover nas comunidades a promoção de bons exemplos a serem seguidos pelos jovens.
“Hoje em dia, podemos dizer que os caras da favela são os meninos do passinho e os barbeiros, que são os homens da moda. E a mulherada vai atrás de quem? Vai atrás deles”, finalizou Erica.
Batalha dos barbeiros
Calendário:
Rio de Janeiro – 3/4 (abertura - Arena Dicró, Penha - 12h às 18h)
São Paulo – 24/4
Salvador - 22/05
Belo Horizonte – 26/05
Rio de Janeiro – 24/07
Calendário:
Rio de Janeiro – 3/4 (abertura - Arena Dicró, Penha - 12h às 18h)
São Paulo – 24/4
Salvador - 22/05
Belo Horizonte – 26/05
Rio de Janeiro – 24/07
Fonte:G1.
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