Foto: Google Imagens/Reprodução |
Mariana e Brumadinho foram tragédias anunciadas. Falta de monitoramento devido das empresas Samarco e Vale, falta de fiscalização efetiva dos órgãos públicos de meio ambiente, falta de investimentos nos órgãos ambientais, foram alguns dos fatores que contribuíram para essas tragédias. Um relatório da Agência Nacional de Águas - ANA, divulgado pelo jornal Folha de São Paulo no fim de 2018, mostra que 45 barragens em todo o país apresentam grandes riscos de rompimento, entre elas a Barragem de Jucazinho, em Surubim, no Agreste.
Há dois anos técnicos do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca -DNOCS, detectaram problemas na sua estrutura que, segundo eles, poderiam fazer com que a barragem rompesse no período de inverno, caso voltasse a ter um grande acúmulo de água. Embora poucos saibam, Jucazinho é uma gigante, com capacidade de acúmulo de mais de 320 milhões de metros cúbicos de água e uma represa que vai de Surubim a a Toritama, quando cheia. Para se ter uma ideia dessa imensidão, a barragem de Pedra Fina, localizada em Bom Jardim, possui capacidade máxima de acúmulo de 10 milhões de metros cúbicos de água, que seria o volume morto de Jucazinho.
Represando o Capibaribe, o paredão gigante divide o rio ao meio, distribuindo água para mais de 500 mil pessoas em 15 municípios do Agreste, entre eles Surubim, Toritama, Gravatá, Bezerros e Caruaru. Caso viesse a romper, uma onda gigante de água desceria rio abaixo, varrendo vilarejos e cidades que fazem parte da Bacia Hidrográfica do Rio Capibaribe, entre eles o Distrito de Chéus (Surubim) e Malhadinha (Cumaru), além de cidades como Salgadinho, Limoeiro, São Lourenço da Mata e a própria capital Recife.
Os riscos que Jucazinho traz para as cidades que ficam às margens do Capibaribe é enorme e seria uma tragédia bem maior que as barragens mineiras, caso rompesse. Com as obras de reforma do paredão paradas e sem a devida importância que se deveria dar aos problemas que podem ser causados, Jucazinho segue causando preocupação e medo para as comunidades e os ribeirinhos que são banhados pelo Capibaribe. Se nada for feito, poderia ser Jucazinho mais uma tragédia anunciada?
João Paulo Lima é professor de Geografia, especialista em Gestão Ambiental e blogueiro
Fonte: Por JOÃO PAULO LIMA
Do PORTAL SURUBIM
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