O desemprego está disseminado por todas as regiões do país e afeta sobretudo mulheres e jovens, revelou detalhamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto na média nacional a desocupação chegou a 11,3% no segundo trimestre, a maior da série histórica, a proporção foi bem maior naqueles dois segmentos.
De acordo com o levantamento, a taxa
de desemprego ficou em 9,9% entre os homens e em 13,2% entre as
mulheres. Também houve forte penalização da população de 18 a 24 anos,
faixa em que o índice de desocupação passou de 18,6% para 24,5%, ou
seja, um em cada quatro jovens que desejam trabalhar não consegue
colocação no mercado. E as perspectivas são de piora, assinalou Cimar
Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. Ele alertou ainda
para um dado preocupante. O índice de desemprego no grupo de idade de
40 a 49 anos, que estava em 4,4% no segundo trimestre de 2015, subiu
para 6,3% neste ano.
“Essas pessoas mais
experientes são arrimo de família. Dependendo da classe de renda, se
média ou baixa, quando os pais perdem o emprego, os filhos são retirados
da faculdade para trabalhar. Esses jovens sem experiência procurando
trabalho pressionam ainda mais o desemprego”, assinalou Azeredo. O
coordenador destacou que a alta no segundo trimestre é preocupante. Nos
primeiros três meses do ano, na maioria das vezes, a desocupação se
eleva devido a efeitos sazonais. “Nunca se espera que piore entre abril e
junho. Quando isso acontece, é sinal de que a recessão está forte”,
assinalou.
Mercado machista
No
fim do mês passado, o IBGE havia anunciado nível recorde de desemprego
de 11,3%, deixando 11,6 milhões de brasileiros sem trabalho. Os dados
divulgados ontem mostram que nenhuma região do país foi poupada da crise
no mercado de trabalho. Em comparação ao segundo trimestre de 2015, a
taxa de desocupação subiu de 8,5% para 11,2% no Norte; de 10,3% para
13,2% no Nordeste; de 8,3% para 11,7% no Sudeste; de 5,5% para 8% no
Sul; e de 7,4% para 9,7% no Centro-Oeste.
Ivanilde
Santana de Carvalho, 35 anos, está na lista de desempregados há mais de
um ano e perdeu a conta de quantos cursos profissionalizantes fez para
conseguir uma vaga de administradora ou de vendedora. “Vou todas as
semanas à agência do trabalhador. Acredito que não tenho sucesso por
causa da crise e também pelo fato de ser mulher”, lamentou. Nesse
período, ela se endividou no cartão de crédito e está com o aluguel
atrasado. Para driblar a crise, vende dindins e produtos de beleza. “Lá
em casa, todos estão correndo atrás. Meus dois filhos adolescentes
procuram emprego e a gente vende esses artigos, que trazem um dinheiro
essencial à família”, contou. Por mês, Ivanilde consegue em torno de R$
680.
Patrícia Pereira, 32, busca um emprego de
vigilante há quatro anos e se revolta com os índices crescentes
desemprego de mulheres. Para ela, a pesquisa do IBGE evidencia que o
mercado é machista. “Fui ao sindicato dos vigilantes em Brasília. Eles
me disseram que as empresas precisavam demitir. O problema é que
dispensaram 14 mulheres e nenhum homem. Se eles demitem sem pudor, não
vão contratar mulheres. É muito difícil”, criticou.
Fonte:DP.
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