As leis que restringem a liberdade
religiosa na Rússia já impediram que a seita da Cientologia chegasse ao
país. O Ministério da Justiça ordenou no ano passado a dissolução da
organização, que contava com 10 mil fiéis no país. Agora, uma decisão
tomada nos principais órgãos legislativos russos, a Duma e o Conselho da
Federação, mostra-se favorável a coibir também a evangelização cristã.
Segundo a revista ‘Christanity Today’, novas leis proíbem toda forma de
proselitismo fora dos templos, incluindo pregação e distribuição de
literatura.
As medidas são consideradas as mais
restritivas na história pós-soviética da Rússia. Proposta pela deputada
Irina Yarovaya, do partido Rússia Unida, acredita-se que a iniciativa
foi da Igreja Ortodoxa, a religião oficial da nação. Com o nome oficial
de “leis de vigilância e antiterrorismo” elas visariam a restrição ao
crescimento do islamismo, mas se estendem a todas as outras crenças.
De acordo com Frank Goble, especialista
em questões religiosas e étnicas na região, a identidade nacional russa
vem sendo promovida por Vladimir Putin desde o início do seu governo.
Agora, somente um veto do presidente mudaria as decisões do legislativo,
o que parece improvável.
Para o pastor Sergey Rakhuba, presidente
da Missão Eurásia, o anúncio gerou preocupação nas sete denominações
autorizadas a funcionar no país. Os evangélicos russos são menos de um
por cento da população. Eles estão convidando a comunidade cristã
mundial a orar para que Deus “possa intervir milagrosamente neste
processo”. Caso isso não aconteça, Rakhuba diz que eles estão
preparados: “Mesmo se a lei passar, não nos impedirão de adorar e
compartilhar nossa fé. A Grande Comissão não vale apenas para os tempos
em que há liberdade”.
A associação de Igrejas Protestantes da
Rússia divulgou uma carta aberta onde reclama da violação da liberdade
religiosa e de consciência pessoal que a Rússia desfruta desde o fim do
regime comunista. Na década de 1920, no governo de Stalin, foi
implantada a proibição de todas as atividades religiosas fora das
“igrejas registradas” e a proibição de os pais ensinarem sobre a fé aos
seus filhos.
David Aikaman, professor de história e
especialista em religião, afirmou à ‘Christianity Today': “Não acho que
podemos subestimar o desejo do governo russo de exercer controle total.
Se a história serve como base, essas propostas revelam que o padrão de
totalitarismo estão de volta ao país”.
De fato, desde 2012 está vigente na
Rússia a lei “agente estrangeiro”, que oferece total controle ao governo
sobre a atuação de qualquer liderança religiosa vinda do exterior. Os
missionários estrangeiros têm dificuldades para a obtenção de vistos.
Quando conseguem, precisam enfrentar uma complexa burocracia e estão
sujeito a auditorias e restrições de suas atividades. Desde então, a
presença de ONGs religiosas encolheu em um terço, de acordo com
estatísticas oficiais.
Fonte: Gospel Prime
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