mundo sabe que é assim, mas ninguém entende o porquê. A resposta pode estar na hipervigilância do cérebro, que, em um mecanismo evolutivo, se mantém alerta diante do desconhecido.
Para compreender o chamado “efeito da primeira noite”, pesquisadores japoneses fizeram um estudo baseado em técnicas de neuroimagem que avaliou o comportamento do cérebro de 35 pessoas saudáveis, sem problemas de sono, enquanto dormiam em um local com o qual não estavam familiarizadas. Há exatos 50 anos, um experimento semelhante foi conduzido por cientistas da Universidade da Flórida, envolvendo 43 pessoas. Mas, na época, o exame mais sofisticado disponível era o eletroencefalograma, que revelou um sono com períodos estendidos de vigília e estágio de movimento rápido dos olhos encurtado.
Agora, porém, graças aos avanços dos métodos diagnósticos, os cientistas conseguiram visualizar o comportamento dos hemisférios cerebrais detalhadamente, obtendo pistas do motivo por trás desse efeito. Eles descobriram que os humanos têm um mecanismo semelhante ao já verificado em alguns pássaros e animais marinhos, como baleias e golfinhos, que, para não serem surpreendidos por predadores ou, no caso dos oceânicos, para ir à superfície respirar, mantêm-se meio acordados, meio dormindo na hora do sono.
No caso dos homens, Yuka Sasaki, pesquisadora associada da Universidade de Brown, nos Estados Unidos, explica que a assimetria não é tão evidente. Mas, de acordo com ela, “nosso cérebro pode ter um sistema em miniatura” semelhante ao desses animais, com um dos hemisférios, se não totalmente desperto, com um alto grau de vigilância, incompatível com o momento de repouso.
Alterações
O experimento foi realizado em duas etapas, com uma semana de intervalo. No primeiro dia de teste, os participantes dormiram no laboratório de Sasaki e foram submetidos a uma polissonografia, exame que registra ondas cerebrais, além de indicadores como frequência cardíaca e oxigenação. A técnica foi associada à magnetoencefalografia, que mapeia com precisão a atividade do cérebro, e à ressonância magnética estrutural, que revela detalhadamente características anatômicas do órgão.
Enquanto os voluntários dormiam, foram realizados testes para verificar o grau de vigília e repouso dos dois hemisférios cerebrais. Os pesquisadores, por exemplo, faziam soar um bipe em cada ouvido, para ver, na tela do computador, como o cérebro reagia ao barulho. Quando o alvo era a orelha esquerda, cujo hemisfério correspondente é o direito, havia pouca alteração.
Contudo, o som disparado no ouvido direito fazia com que o hemisfério esquerdo “acordasse” rapidamente, exibindo sinais de vigília semelhante ao que acontece com os animais que exibem alto grau de assimetria. “Em humanos, essa é a primeira vez que se observa esse fenômeno”, conta Sasaki, dizendo que ainda não se sabe o motivo pelo qual o lado esquerdo cerebral é o que se mantém em alerta. Isso, porém, foi verificado apenas na fase de sono profundo, conhecida como sono de ondas lentas. Nos outros três estágios, os cientistas não observaram diferenças entre os dois hemisférios quanto ao nível de alerta e repouso.
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Uma semana depois, os mesmos participantes voltaram ao laboratório. Todos os testes foram repetidos. Agora, porém, não houve alteração no comportamento dos hemisférios cerebrais. O sono dos voluntários foi normal, sem sinais de que uma ou outra parte do órgão estivesse em hipervigilância. “Para nós, é uma indicação de que o efeito da primeira noite, em humanos, está associado aos riscos que poderíamos correr em um ambiente diferente do nosso. Quando já familiarizados com o lugar, nosso cérebro entende que está tudo bem e que podemos confiar”, diz a especialista. Segundo Sasaki, para uma boa noite de sono quando fora de casa, uma estratégia pode ser levar algum item familiar, como o travesseiro, para a cama.
Melhores exames
Kimberly N. Hutchison, pesquisador de distúrbios do sono do Centro Médico da Universidade de Vanderbilt, que não participou do estudo, afirma que o trabalho publicado na Plos One terá grande utilidade para as clínicas de polissonografia. Esse exame é bastante comum e recomendado para pessoas que sofrem de problemas como apneia, síndrome de pernas irriquietas e insônia, entre outros. O paciente dorme na clínica para que o médico possa examinar seu comportamento durante o sono, por meio de exames como o eletroencefalograma.
“Muitas clínicas agora estão investindo em ambientes semelhantes aos de quartos de hotel, por acreditar que o padrão de sono do paciente será mais fiel ao que ocorre em sua casa quando ele é colocado para dormir em um quarto de verdade, e não em um recinto hospitalar. Mas o estudo mostra que aumentar o conforto e o nível de familiaridade não muda nada a arquitetura do sono. Teremos de pensar em outras alternativas”, acredita.
No caso dos homens, Yuka Sasaki, pesquisadora associada da Universidade de Brown, nos Estados Unidos, explica que a assimetria não é tão evidente. Mas, de acordo com ela, “nosso cérebro pode ter um sistema em miniatura” semelhante ao desses animais, com um dos hemisférios, se não totalmente desperto, com um alto grau de vigilância, incompatível com o momento de repouso.
Alterações
O experimento foi realizado em duas etapas, com uma semana de intervalo. No primeiro dia de teste, os participantes dormiram no laboratório de Sasaki e foram submetidos a uma polissonografia, exame que registra ondas cerebrais, além de indicadores como frequência cardíaca e oxigenação. A técnica foi associada à magnetoencefalografia, que mapeia com precisão a atividade do cérebro, e à ressonância magnética estrutural, que revela detalhadamente características anatômicas do órgão.
Enquanto os voluntários dormiam, foram realizados testes para verificar o grau de vigília e repouso dos dois hemisférios cerebrais. Os pesquisadores, por exemplo, faziam soar um bipe em cada ouvido, para ver, na tela do computador, como o cérebro reagia ao barulho. Quando o alvo era a orelha esquerda, cujo hemisfério correspondente é o direito, havia pouca alteração.
Contudo, o som disparado no ouvido direito fazia com que o hemisfério esquerdo “acordasse” rapidamente, exibindo sinais de vigília semelhante ao que acontece com os animais que exibem alto grau de assimetria. “Em humanos, essa é a primeira vez que se observa esse fenômeno”, conta Sasaki, dizendo que ainda não se sabe o motivo pelo qual o lado esquerdo cerebral é o que se mantém em alerta. Isso, porém, foi verificado apenas na fase de sono profundo, conhecida como sono de ondas lentas. Nos outros três estágios, os cientistas não observaram diferenças entre os dois hemisférios quanto ao nível de alerta e repouso.
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Uma semana depois, os mesmos participantes voltaram ao laboratório. Todos os testes foram repetidos. Agora, porém, não houve alteração no comportamento dos hemisférios cerebrais. O sono dos voluntários foi normal, sem sinais de que uma ou outra parte do órgão estivesse em hipervigilância. “Para nós, é uma indicação de que o efeito da primeira noite, em humanos, está associado aos riscos que poderíamos correr em um ambiente diferente do nosso. Quando já familiarizados com o lugar, nosso cérebro entende que está tudo bem e que podemos confiar”, diz a especialista. Segundo Sasaki, para uma boa noite de sono quando fora de casa, uma estratégia pode ser levar algum item familiar, como o travesseiro, para a cama.
Melhores exames
Kimberly N. Hutchison, pesquisador de distúrbios do sono do Centro Médico da Universidade de Vanderbilt, que não participou do estudo, afirma que o trabalho publicado na Plos One terá grande utilidade para as clínicas de polissonografia. Esse exame é bastante comum e recomendado para pessoas que sofrem de problemas como apneia, síndrome de pernas irriquietas e insônia, entre outros. O paciente dorme na clínica para que o médico possa examinar seu comportamento durante o sono, por meio de exames como o eletroencefalograma.
“Muitas clínicas agora estão investindo em ambientes semelhantes aos de quartos de hotel, por acreditar que o padrão de sono do paciente será mais fiel ao que ocorre em sua casa quando ele é colocado para dormir em um quarto de verdade, e não em um recinto hospitalar. Mas o estudo mostra que aumentar o conforto e o nível de familiaridade não muda nada a arquitetura do sono. Teremos de pensar em outras alternativas”, acredita.
Fonte:correiobraziliense.
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