Acontece na tarde de ontem quarta-feira dia 26, a partir das 14h, a assembleia
geral dos policiais e bombeiros militares de Pernambuco. As duas
categoria podem decidir pela greve devido às negativas do governo do
estado quanto ao reajuste salarial de 6,5% e à reposição salarial de
18,5%. A votação vai acontecer em frente à Assembleia Legislativa de
Pernambuco. De lá, os PMs prometem seguir em caminhada até o Palácio do
Campo das Princesas. Os PMs e bombeiros reclamam que estão há dois anos
sem reajuste salarial, sem hora extra, adicional noturno e
insalubridade.
A possibilidade da deflagração de greve ganhou
força depois de uma entrevista concedida pelo secretário de
Administração, Milton Coelho, a um programa de rádio local. A categoria
ficou insatisfeita ao ouvir críticas à pauta de reivindicações e a
negativa de reajuste salarial que, segundo a classe, vem sendo
discutidas há cerca de dois anos. Além do reajuste e da reposição, as
categorias pedem a mudança do Código Disciplinar, a reestruturação do
Hospital da PM e a implantação do plano de cargos e carreiras.
Segundo
a Associação Pernambucanas de Cabos e Soldados(ACS/PE), a tropa está
trabalhando em condições precárias, sem materiais básicos de profissão,
como armamentos, coletes e viaturas. Os PMs dizem ainda que até o
fardamento, que seria de responsabilidade do estado, eles estão tendo
que comprar do próprio bolso. “Nossa corporação está em pleno abandono e
sucateada. É um descaso com os pais de família que doam suas vidas em
defesa da sociedade diariamente”, disse a nota enviada pela ACS/PE.
Confira carta aberta divulgada pela Associação dos Cabos e Soldados:
Conforme
é do conhecimento notório, todos os servidores públicos do Estado de
Pernambuco, inclusive os Policiais e Bombeiros Militares, estão com
salários congelados desde 2014.
No ano de 2015, sensível a
situação econômica apresentada pelo Governo Estadual, todos os
servidores, representados por seus respectivos sindicatos e associações
concordaram em adiar para o ano de 2016, ao menos a reposição
inflacionária.
Chegado o momento oportuno, em 13 de março de 2016
as Associações representativas dos militares estaduais apresentaram ao
Sr. Secretário de Administração Milton Coelho documento produzido pelo
Economista Rafael Coutinho Costa Lima, Doutor pela USP – Universidade de
São Paulo, demonstrando que a inflação acumulada e projetada de junho
de 2014 (data-base da categoria) à junho de 2016 perfaz o equivalente de
18,53%.
Em comentário a referido pleito, o Excelentíssimo Secretário
de Administração do Estado de Pernambuco em entrevista concedida a
Radialista Local, no dia 22/04/2016, na tentativa de atrair a sociedade a
fazer coro contra as manifestações legítimas da categoria, lançou
informações falsas, como por exemplo, dizer que está se buscando
reposição de perdas inflacionárias, acrescido de um ganho real de 25%,
ou seja, deixou nas entrelinhas que a pretensão seria de 43,53%, o que
não corresponde a realidade.
Não bastasse o massacre da verdade, o
Senhor Milton Coelho disse que a reivindicação “não é séria”, o que
deixou os Militares extremamente revoltados e indignados.
Considerando
a importância que referido agente público ostenta, as palavras, no
mínimo infelizes, pautadas pela intransigência e desrespeito, foram
entendidas como uma posição oficial do Governo.
A Constituição
Federal, no seu art. 37, inciso X, assegura a todos os servidores
públicos, da União, Distrito Federal e Municípios a revisão geral anual,
que nada mais é que a reposição inflacionária no período de doze meses.
Obviamente,
a reposição da inflação não representa conquista de melhoria ou aumento
remuneratório, pois apenas resgata o poder aquisitivo subtraído pela
elevação do custo de vida, vez que mantém o valor real dos salários.
Nisso
reside a lógica da revisão de ser dirigida a todos os servidores,
porque sofrem com a mesma corrosão inflacionária, indistintamente.
De
plano se verifica, portanto, que não se trata de perseguir um
benefício, mas o cumprimento de um imperativo legal imposto pela Carta
Magna.
Nem mesmo a Lei de Responsabilidade Fiscal serve para
obstaculizar o direito perseguido, pelo contrário, referida legislação
ressalva em vários dispositivos que os limites de gastos nela
disciplinados não impendem a revisão geral anual (art. 17, §6º, art. 22.
I e art. 71)
Por se tratar de revisão geral anual consagrada na
constituição e não de reajuste, não há absolutamente nenhum real de
ganho financeiro, mas apenas trazer para data atual aquilo que o PM e
Bombeiro recebia em junho de 2014.
Manipular os números do impacto
financeiro que a revisão geral causa não serve em absoluto para
relativizar um direito garantido pela Lei máxima da nação.
Dizer que
um movimento legítimo, que tão somente busca o cumprimento irrestrito do
que está previsto constitucionalmente não é sério é de uma desfaçatez
digna de censura, especialmente quando a tentativa é vulgarizar e
desacreditar perante o público reinvindicações que de ilegais não
possuem absolutamente nada.
Seriedade é o que a sociedade espera
dos seus gestores que jamais devem prestar declarações divorciadas da
realidade ou ainda conferir interpretação que não decorre dos fatos.
Digno
de mencionar que o Secretário Milton Coelho utiliza do falacioso
argumento de que a concessão da revisão geral como manda a Constituição
implicaria em impossibilitar o pagamento dos demais servidores, como
médicos e professores.
A verdade é que o Estado de Pernambuco, apesar
do momento de dificuldade financeira que alega passar, gasta muito e
gasta mal com elevadíssimo número de cargos comissionados, que são a
representação fidedigna do atraso, por corresponder apenas compromissos
políticos assumidos em campanha que em absolutamente nada acrescentam de
positivo a administração pública.
Embora se argumente escassez
de recursos, não se pode deixar de citar, apenas a título de ilustração,
que gastos supérfluos realizados pelo Gabinete do Governador que estão
sendo realizados, como: 1) aquisição de um tapete por R$ 166.000,00; 2)
compra de gelo por R$ 52.000,00; 3) contratação de buffet por R$
950.000,00; 4) alimentação R$ 1.500.000,00; 5) bebidas alcoólicas R$
270.000,00; 6) compra de crustáceos no valor de R$ 284.000,00.
Isso
são apenas exemplos de como o dinheiro público é pessimamente gerido
para se criar a justificativa de ausência de recursos para o cumprimento
do básico.
Imagine um cidadão que em vez de pagar despesas
primárias, como escola do filho, contas de água, luz e telefone opte por
gastar em lazer, viagens e festas.
Trazendo para a realidade dos PMs
e Bombeiros é exatamente isso que acontece, na medida em que os
governantes se recusam a cortar os seus “luxos”, além dos inúmeros
cargos comissionados que são verdadeiros cabides de emprego para
apadrinhamento político, tudo em detrimento do cumprimento do essencial.
Uma
lição básica aplicável a qualquer gestor público é que a despesa
obrigatória disposta pela constituição sempre deve ser priorizada em
detrimento do gasto discricionário.
Acrescente-se ainda que
mesmo diante da alegada falta de recursos financeiros o Governo Estadual
publicou recentemente Edital de Concurso Público com 1.500 vagas de
Policiais e Bombeiros, como se o problema da segurança pública fosse o
número de efetivo e não a falta de condições de trabalho e de motivação.
Essa
medida soa como contraditória e flagrantemente ilegal, porquanto em vez
de cumprir o que determina a lei, ou seja, fazer a revisão geral anual
dos servidores atuais, faz-se novos gastos com aumento do número de
cargos.
O encargo da péssima administração do dinheiro público não pode de forma alguma ser suportado pelo servidor.
A
vã tentativa de informar números e manipulá-los para conferir a
interpretação mais conveniente não encontra consonância na população que
está cada vez mais esclarecida e não se deixará enganar.
A
ironia e o cinismo dos que se escondem atrás de falsas declarações
jamais serão aceitas pelas entidades associativas de defesa dos
Militares Estaduais.
Associação Pernambucana dos Cabos e Soldados Policiais e Bombeiros Militares.
Fonte:DP.
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