Apesar de oficialmente ainda aguardar o
fim do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff
para “se apresentar” ao mundo, o presidente interino Michel Temer já
trabalha com um calendário de viagens internacionais para tentar
recuperar a imagem do país e atrair investimentos no exterior.
Também faz parte da estratégia tentar
convencer as agências internacionais de classificação de risco de que,
passado o impeachment, a estabilidade política no país retornará, na
tentativa de recuperar notas perdidas na avaliação das agências de
classificação de risco.
Temer deve fazer as viagens acompanhado
de vários ministros, entre eles, o da Fazenda, Henrique Meirelles, a
quem caberá a missão de convencer o mercado internacional e os
investidores de que o país está comprometido com a agenda econômica de
ajustes e reformas.
Interlocutores de Temer reconhecem que a
investida é fundamental para que o governo efetivo possa contar com o
apoio da classe empresarial, pois admitem que, se a economia não der
sinais efetivos de melhora, a “trégua” dada até agora ao governo tende a
acabar rapidamente.
Na semana passada, em evento no Rio de
Janeiro, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, comparou o roteiro
internacional de Temer ao trabalho de um caixeiro-viajante. “Temer vai
levar uma mala de mascate para a China para mostrar que o Brasil é um
mar de oportunidades.” O ministro destacou mudanças que começam a ser
aprovadas no Congresso, como a lei das agências reguladoras, para
defender a tese de que o país se tornará atrativo aos investidores
estrangeiros. “Necessitamos das parcerias para gerar empregos. Apostamos
muito na viagem à China, aos EUA e à Índia, grandes mercados potenciais
para o Brasil.”
Renan Calheiros no G20
O presidente interino convidou o
presidente do Senado, Renan Calheiros, para a comitiva do encontro do
G20 na China. Renan ainda não informou a Temer se aceitará. O presidente
do Senado integraria a comitiva logo após dar posse a Temer, já que,
caso o impeachment seja mesmo aprovado, há a previsão de uma sessão
solene no Congresso. O modelo da cerimônia ainda está sendo estudado e a
definição cabe ao presidente do Senado .
O cortejo de Temer a Renan é mais um
gesto da aproximação entre os dois. Na quinta-feira, 18, o presidente do
Senado acompanhou o presidente interino numa visita ao Rio. Isso levou
Renan a adiar um encontro com Dilma para sexta-feira pela manhã. Na
tarde do mesmo dia, Renan se encontrou novamente com Temer em São Paulo,
na reunião com líderes a fim de discutir a votação de propostas do
ajuste fiscal no Congresso.
Na semana passada, Renan ainda impediu
que Temer sofresse a primeira derrota do governo interino no Senado, ao
adiar a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que recria a
Desvinculação das Receitas da União (DRU), que deve voltar à pauta nesta
terça-feira. Se fosse a voto, o governo seria derrotado por não ter
mobilizado os senadores da base.
Antes do encontro do G-20, Temer
pretende participar de um seminário organizado pelo governo brasileiro. A
data do encontro, que reunirá empresários e investidores, deve ser dia 2
ou 3 de setembro, a depender do fim do impeachment e do embarque de
Temer à Ásia. A ideia, com base no atual calendário do impeachment, é
que ele viaje dia 31 de agosto. Além dos compromissos oficiais, o
governo pretende marcar encontros bilaterais.
Fonte: Veja
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