O cardeal australiano George Pell, a mais alta autoridade do Vaticano a testemunhar sobre os abusos sexuais da Igreja Católica, disse no domingo (29) que a entidade cometeu “erros enormes” e “decepcionou as pessoas” pela maneira como lidou com os abusos sistemáticos de crianças cometidos por padres.
Testemunhando diante de vítimas de abuso em um quarto de hotel de Roma, Pell afirmou à Real Comissão da Austrália sobre a Resposta Institucional ao Abuso Sexual Infantil que muitas vezes não se acreditou nas crianças e que os padres violadores eram transferidos de uma paróquia a outra.
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A Igreja cometeu erros enormes e está trabalhando para remediá-los, mas a Igreja, em muitos lugares, certamente na Austrália, fez besteira, decepcionou as pessoas”, disse Pell por videoconferência à comissão em Sydney. “Não estou aqui para defender o indefensável”.
O inquérito australiano sobre casos de abuso sexual ocorridos décadas atrás está tendo implicações mais amplas no tocante à responsabilização de líderes da Igreja por causa da posição destacada de Pell no Vaticano, onde hoje ele atua como ministro das Finanças.
Pell, de 74 anos, se tornou o alvo da frustração das vítimas pelo que elas classificam como uma reação inadequada da Igreja Católica. O cardeal não foi acusado de abusos sexuais e já se desculpou duas vezes pela resposta lenta do Vaticano.
Pell afirmou várias vezes que estava ciente dos boatos e das queixas contra clérigos pedófilos nos anos 1970, quando ainda era um padre jovem, mas que as autoridades da Igreja tendiam a dar o benefício da dúvida aos padres, algo que ele admite ter sido equivocado.
Os abusos sexuais cometidos por membros da Igreja vieram à tona em 2002, quando se descobriu que bispos da área da cidade norte-americana de Boston transferiam os estupradores de uma paróquia a outra em vez de expulsá-los. Desde então foram revelados escândalos semelhantes em todo o mundo, e dezenas de milhões de dólares já foram gastos em indenizações.
Ironicamente, a audiência em Roma começou poucas horas antes da cerimônia do Oscar em Hollywood, na qual “Spotlight”, filme que mostra o acobertamento sistemático de abusos sexuais na Igreja de Boston, venceu o prêmio de melhor filme do ano.
Fonte: G1
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