A população brasileira ficou mais pobre em 2015. Foi de 3,8% a queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 em relação ao ano anterior, que, aliás, já tinha sido baixíssimo (0,9%). Foi, segundo o IBGE, o pior resultado desde 1990, quando a economia brasileira recuou 4,3%, em plena era pré-Plano Real (1994) e antes mesmo da série histórica do PIB, iniciada em 1996. Trata-se do maior marco negativo na
história recente da economia brasileira. Piores ainda são suas consequências para o dia a dia das pessoas. Com esse recuo, o IBGE calcula que o PIB per capita em 2015 ficou em R$ 28.876, redução de 4,6% em relação a 2014, maior queda desse indicador registrada na atual série histórica, iniciada em 2000. Sobrou perda para todo mundo. Até mesmo a agricultura, único setor que teve crescimento (1,8%), sofreu as consequências da recessão da economia brasileira, já que seu desempenho foi o pior desde 2012, apesar da ajuda do câmbio nas exportações. A indústria, mais atingida pelos erros da política econômica dos últimos anos, só há pouco conseguiu ver uma janela para a sua recuperação pela via das exportações. Responsável pelos empregos de melhor qualificação e renda da economia, o setor teve em perdas de 6,2%, sendo ainda mais preocupante a contração de 9,7% no subsetor de transformação. Soma-se o quadro negativo à falta perspectiva de crescimento setorial para os próximos anos refletida em um dos indicadores do ânimo dos agentes econômicos.
Trata-se do investimento na economia, que baixou do patamar de 20%, mantido desde 2010, para apenas 18,2%. Analisado mais diretamente em relação ao setor privado, o indicador conhecido como Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), recuou 14,1%, em relação a 2014, a maior queda da série desde 1996, superando o recuo de 8,9% de 1999. Também o setor de serviços, que responde por mais de 60% do PIB brasileiro e é considerado um indicador do dinamismo das economias urbanas, registrou perda em 2015 de 1,4%, a primeira da série histórica desde 1996. Depois de ter alavancado o crescimento da atividade econômica do país, os serviços foram duramente impactados pela deterioração do emprego e da renda das pessoas, comprovado pela queda de 4% no consumo das famílias (item de peso no cálculo do PIB pelo lado da demanda) em 2015. E o consumo do governo, vitimado pela queda na arrecadação, caiu 1%. O resultado do PIB de 2015 deixa claro que a economia cobra caro das sociedades de que os governos insistem em desconhecer o básico: não gastar mais do que pode, investir em educação e infraestrutura, combater a inflação e, acima de tudo, não correr o risco de perder a confiança dos agentes econômicos e dos consumidores.
Fonte:DP.
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